Noam Chomsky
O linguista e filósofo norte
americano Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação”
através dos meios de comunicação. Ele afirma que nas décadas de 80 e 90
elaborou-se toda uma estratégia de manipulação dos povos através dos meios de
comunicação, facilitando assim o controle da opinião pública para as
estratégias e práticas adotadas pelos modelos neoliberais, que acabaram por
conduzir os rumos sociais a partir dos interesses econômicos.
1º A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO
O elemento primordial do controle
social. Consiste em tirar a atenção do público dos problemas importantes e das
mudanças ditadas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do
“dilúvio” de distrações e de informações insignificantes. Essa estratégia é
também indispensável para que o público não se sinta interessado por
conhecimentos essenciais na área da ciência, da economia, da psicologia, da
neurolinguística, e da cibernética. “Manter o público distraído, longe dos
verdadeiros problemas sociais, seduzidos por temas sem importância real; manter
o público ocupado sem nenhum tempo para pensar, de volta ao ‘estábulo’ como
animais.”
2- CRIAR PROBLEMAS E DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Esse método também é chamado
“problema – reação - solução”. Cria-se um problema, uma situação prevista para
causar determinada reação no público, para que ele mesmo seja o mandante das
medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo, deixar que se desenvolva ou
que se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a
fim de que o público seja o requerente de leis de segurança e de políticas que
causem danos à liberdade. Ou também criar uma crise econômica para que o
retrocesso dos direitos sociais e a destruição dos serviços públicos sejam
aceitos como um mal necessário.
3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO
Para que se aceite uma medida
inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos
consecutivos. Dessa maneira, condições sócio-econômicas radicalmente novas
(neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 80 e 90. Mudanças como
privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários
baixos... provocariam uma revolução se fossem aplicados de uma só vez.
4- A ESTRATÉGIA DE ATRASAR A REALIZAÇÃO DE ALGO.
Outra maneira de impor uma
decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a
aceitação pública, em determinado momento, para uma aplicação futura. É mais
fácil aceitar um sacrifício futuro que um imediato. Primeiro porque o esforço
não é empregado imediatamente. Depois porque o público, a massa tende a esperar
ingenuamente que “as coisas vão melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido
será evitado. Dessa forma, acostuma-se com a idéia da mudança e ela é aceita,
com resignação, quando chegar o momento.
5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS (como criaturas de pouca idade).
A maioria da publicidade dirigida
ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação
particularmente infantis, muitas vezes perto da debilidade, como se o
espectador fosse uma criança ou um deficiente mental. Quanto mais se tenta
enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantil. Por quê? Se
alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, pela
sugestão, ela terá, provavelmente, uma resposta ou uma reação também desprovida
de um sentido crítico, como uma criança.
6º UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL QUE A REFLEXÃO.
Essa é uma técnica clássica para
causar um curto-circuito na análise racional e no sentido crítico dos
indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a
porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos,
medos compulsões ou induzir comportamentos.
7º MANTER O PÚBLICO IGNORANTE E MEDÍOCRE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender
as tecnologias e os métodos utilizados para seu controlo e escravidão. “A
qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre
e medíocre possível para que ela se torne bastante ignorante e seja impossível
alcançar as classes sociais superiores”.
8º ESTIMULAR O PÚBLICO A SER
COMPLACENTE COM A MEDIOCRIDADE.
Levar o público a crer que é moda
o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.
9º REFORÇAR A AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo crer que é somente ele o
culpado pela sua desgraça porque não é inteligente, é incapaz e não se esforça.
Assim ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, a pessoa se
autodesvaloriza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo efeito é a
inibição de sua ação. E sem ação não há revolução.
10º CONHECER O INDIVÍDUO MELHOR QUE ELE MESMO.
Nos últimos 50 anos, o avanço
acelerado das ciências gerou uma crescente brecha entre os conhecimentos do
público e aqueles utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à
neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” desfruta de um conhecimento
físico e psicológico avançado do ser humano e consegue, assim, conhecer o
indivíduo comum melhor do que ele mesmo. Isso significa que, na maioria dos
casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre as pessoas,
maior do que elas sobre si mesmas.
Tradução do Espanhol: Professora
Iara Valle bastos
http://www.forumseculo21.com.br/paginas/0313_sec_21_(pag.10).pdf